Louise Romano


Que jeito estranho é esse que as pessoas tem de se expressar através de sons emitidos pelo movimento da boca, língua e dentes. Elas conseguem se entender e eu não consigo transmitir desse jeito nada, é muito difícil e nenhum pouco natural, quase uma repetição ensaiada. Um sorriso ou gargalhada é inevitável, mas só isso. Se o normal fosse mandar bilhetinhos com sua face dizendo algo, comunicar-se seria tão mais fácil. Ou então gestos dançados compreensíveis a todos, para mim de uma forma ou de outra tanto faz.Mas essa coisa de ter que abrir a boca exige muita coragem.

Escrito em: 21/09/2009
Autora: Louise Romano
Louise Romano
A frente dos seus negros olhos ele usava uma delicada fonte de poder. Com essa, avistava e desolhava, vestia e desnudava.
Os olhares alheios nem imaginavam o alcance que poderia chegar. Ele pelo contrário, fitava tudo o que não podia com essa venda radiográfica.
Usava até para não ver e ninguém perceber.
Quebrando-se, parte dele se desfazia. Sem o objeto podia sim enxergar, mas, certos olhos seriam capazes de derrubá-lo. Já com a ausência da sensação de alguns ia um vazio ficar.
Autora: Louise Romano
Escrito em: 01/09/2009

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Louise Romano

Precisa ser tão desgastante intenso e doloroso? Tem sido fácil me abalar. Uma brisa já me derruba. No ápice da sensibilidade consigo sentir meu sangue pulsando nervoso em minha veias. No pico do medo cada dia fica mais difícil de puxar o ar. Na certeza da censura a água corre não posso controlar. No auge da ansiedade me mutilo pouco a pouco, algo imperceptível , são unhas, cutículas, arranhões ... Pois a dor física alivia a hemorragia interna que com algum esforço tenta ser contida. Porém, a cada passo pareço estar em um campo minado. E os fatos simultâneos em demasia, geram bloqueios e embaraços. Aceitar as coisas com simplicidade, dizendo "amém" sem questões seria um viver desse jeito mais leve, prazeroso e indolor?

Autora: Louise Romano
Escrito em: 01/09/2009
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